domingo, novembro 19, 2006

Sunny day


plenamente.

amigos, cá estou.

de alma limpa, de corpo são.

para lhes contar,sobre minha conquista.

sobre sensações.

Liberdade, vivacidade, expressão.

sou agora sentimento. antes era sofrimento.

de toda a alma, de todo ser.

abstrato.melodia.luz solar em dia frio.

assim sou agora.

invencível.

intocável.

impossível.

irreversível.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Após o exílio

Saudade... uma palavra que só tem significado na nossa língua. Mas que tantos conhecem.
Quando se ama, a saudade está sempre presente.
E eu a sinto tocando- me com suas mãos mornas.
Com a ternura da paixão e a melancolia da distância.
A saudade sorri. Por ter um poder imenso e certeiro. Ela nos mina aos poucos, nos castiga com fria precisão.
Nos priva dos momentos que fazem bem para a alma,

abalando nossos sentidos. Faze-nos reféns.
Meu amor está longe e agora, a dama sombria chamada saudade enfeita-se com preciosas jóias.
Uma dessas jóias possui nome. Embora não possa alcançá-la, e nem tocá-la, sei que lá está.
Amada, agora peço que creias em mim. Peço que me fortaleça quando a dor se aproximar.
Pois tenha a certeza de que retribuirei todo o carinho, respeito e afeto incondicionalmente enquanto existir a fome de viver e esperar pelo futuro.

domingo, setembro 17, 2006

Fim de semana

Ele estava na rodoviária esperando. Aquela cidade o assustava e o atraia ao mesmo tempo. Os prédios parecem ter vida... tudo aparenta ser pequeno na imensidão de concreto. As pessoas são só partículas sem identidade.
E lá estava ele, sentado e fumando um cigarro. Cantarolava algumas músicas.
De repente ela chega.
Não o reconheceu de primeira. Ele riu para si mesmo.
Encontraram-se. Ele não sabia ao certo o que dizer ou fazer. Ela idem.
Mais tarde na casa, haviam lençóis verdes e brancos. Um clima acolhedor. Um oásis naquela metrópole.
Ele se sentiu bem lá. Era estranho... pessoas desconhecidas que o tratavam bem.
Assim foi um fim de semana aparentemente como muitos outros. Apenas aparentemente.
Ele a conhecia sem a conhecer. Ele sabia o que significava a sobrancelha arqueada, sabia identificar as expressões.
Livia era o nome dela.
Uma pessoa linda em todos os sentidos. Ele aprendeu a gostar dela. Do jeito dela.
Aquela personalidade meiga, carinhosa e companheira. Aquele rosto... o cheiro. Os cabelos que não paravam de cair no olho.
Foi tudo muito bom. E igual a tudo o que é bom, isso não foi diferente. O fim de semana passou em um piscar de olhos.
A despedida foi breve. Ele ficou olhando até ela desaparecer. E olhou mais... a procurando quando já tinha sumido.
Sentiu um vazio. Nada mais que isso. Uma sensação de perda. Voltaria para sua cidade e tudo voltaria ao normal. Vazio.
A história não acaba aqui. Mais fins de semana virão... mais dias de sol também.

terça-feira, agosto 29, 2006

Descansa Agora


Metodicamente ela arruma o arranjo de rosas na mesa da sala.
Seu olhar compenetrado esconde seus pensamentos confusos. Franze a testa.
Por que não é completamente feliz? Os momentos de alegria e melancolia funcionam como um interruptor há algum tempo. Ela se lembra do último momento de alegria que teve. Tão distante... Sente-se solitária por um instante. Uma pétala cai.
Aquela sensação de que poderia ter aproveitado melhor a vida a incomoda. Poderia ter sonhado mais, pensa.
Chega o marido. Olhar de cansaço. Um beijo no rosto e nada mais. Dez anos de casamento.
Ela senta-se com suas lembranças. Pensa nas pequenas coisas. Um dia chuvoso com sol no entardecer de um domingo, o algodão de um lençol e o calor de braços quentes. Em escrever uma carta de amor.
O marido descansa em outro cômodo da casa. Boceja. Ela se recorda do começo do namoro. Parecia ter as pálpebras cortadas... Não conseguia piscar por estar apaixonada.
Depois de dez anos as coisas mudaram e tudo parecia longínquo. Os mimos, os olhares, as palavras.
Olhou para o homem na outra sala. Levantou-se e foi sentar ao lado dele. Dormiu assistindo futebol.

quarta-feira, julho 19, 2006

Money

Ele entra na sala e olha para a atendente.
- Olá, vim fazer a rematrícula.
- Pois não, sente-se.
Enfim fora atendido após 30 minutos de espera.
- Passe-me seus dados, sim?
- Tudo bem.
- Assine aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, por favor.
- Por que tantas assinaturas?
- São as regras. Se tiver alguma dúvida, vá até o setor de regras e pergunte. Mas devo lembrá-lo que cada pergunta custa 5 reais.
- Certo.
- Pronto. Agora é só você ir até o setor financeiro, o nosso preferido e fazer os acertos finais.
A fila para o financeiro estava longa. Algumas mulheres como o rosto recauchutado de botox aguardavam com seus filhos brilhantes.
- Olá, queira se sentar, por favor.
Aquela polidez toda antes de roubarem seu dinheiro o irritava.
- Espere um minuto. Vou checar seus dados.
Ele olhava ao redor enquanto esperava. 15 longos minutos. Talvez a simpática garota com olheiras tenha ido tomar um café ou ligar pro namorado.
- Desculpe a demora. Assine aqui, aqui, aqui, aqui, aqui...
- Por que pagar todo esse valor por algumas aulas apenas?
- Porque temos várias taxas.
- Que diabos de taxas?
- Ora, temos a taxa do elevador, para os alunos se aventurarem a entrar sem que ninguém os veja. Pois como você sabe, só os professores podem usá-lo.
- Isso é um roubo!
- Absolutamente. Temos também a taxa de liberdade de expressão que faz parte da mensalidade.
- Mas eu nem me expresso aqui!
- Não posso fazer nada. Aqui temos a taxa de aulas inúteis, esta vendo?
- Meu Deus! E o respeito para com os alunos?
- Não temos este departamento aqui. Se estiver insatisfeito, pode fazer a reclamação no nosso setor de pedidos que não são atendidos. Por 50 reais você faz sua reclamação e ajuda nossa instituição carente.
- Não acredito...
- Aqui está o seu boleto. O pagamento deve ser feito no prazo, ou os juros correrão dia a dia.
- Eu vou reclamar esse preço imoral!
- Você é quem sabe. Mas reclame para outra pessoa. Sou apenas uma autômata.
Ele sai da sala bufando e resmungando quando ouve:
- Senhor, tenha um bom dia! E pode sorrir aqui dentro. Se não for sincero, isentamos a taxa de espontaneidade!

quarta-feira, julho 12, 2006

Cão na chuva


As anotações de um sonhador não são mais que meras anotações.
Seria o anel no dedo da outra mão o elo entre o real e o ilusório?
Aquele pedacinho de história ainda em contato com a pele.
Ele faz as memórias não parecerem tão distantes assim.
O fato é que cansei de escrever sobre amor.
No hospital recebi a mensagem: Não te amo mais.
Dizem que as palavras têm uma força descomunal. Imagine uma frase. Agora imagine uma frase relacionada a um sentimento. Ok. Agora tente uma com o mais forte dos sentimentos.
Feito isso, pense na idéia dessa frase acabar com os sonhos de outra pessoa.
Apenas uma frase. 4 palavras...12 letras. Capazes de mudar muita coisa. Capazes de mudar pessoas.
Chego a rir quando lembro da expressão "igual a um cão na chuva"
Eles marcam os postes com urina pra não se perderem do caminho e então chove e eles se perdem.
Acho que sinto raiva também.
Enfim, é a vida. E como todos sabem, tristeza e alegria são mais alternáveis que o humor de um canceriano.

quinta-feira, junho 29, 2006

Past

Aquela casa, aquele cheiro. O quarto com algumas coisas mudadas.
Vivi o passado. Não vi a rede.
A colcha rosa, a tv nova.
Me senti estranho, angustiado.
Andei do quintal pra varanda.
Queria mesmo é viver.